quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

NATAL!


NATAL!

É Natal! É festa!
Mas Não esqueçamos da razão desta comemoração: o nascimento de Jesus Cristo.
Compras, presentes, jantar com parentes e amigos... Mas não deixemos
o homenageado de fora.
Antigamente, as pessoas sabiam a razão dos festejos. Hoje, nem sabemos o que celebramos.
Preparamos coisas deliciosas, decoramos nossas casas... mas esquecemos de convidar aquele que é a razão da festa.
Fechamos a porta para quem tanto queria partilhar a mesa conosco...
No entanto, mesmo não sendo convidado, Ele vai entrar sem fazer ruído.
Ficará escondido
num canto da casa,
só observando.
Vai ouvir brindes, piadas, risos ...
E à meia noite, chegará uma figura estranha chamada Papai Noel que entregará presentes às crianças.
E as crianças agradecerão aquele barbudo de roupas quentes num verão de rachar, como se a festa fosse para ele!
Todos ganham presentes, menos Ele, o aniversariante. E todos se abraçam, desejando Feliz Natal, menos Ele, a origem do Natal.
Compreenderá, então, que está sozinho na festa ... Como estava a mais de dois mil anos, naquela estrebaria.
E quem deu sua vida para que aquela alegria pudesse acontecer, ficará, mais uma vez, esquecido num canto da casa.
Mas vai chegar o dia em que Ele vai fazer a sua festa, e nós seremos os convidados. Não importa quantas vezes tenhamos deixado Seu nome fora da nossa lista, Ele não nos deixará fora da Sua lista.
FELIZ NATAL!
São votos do amigo
Valdelírio Michel

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Professor !

Professor,
muitas vezes foste Buda, Paulo Freire, Confúcio, Jesus Cristo.
Mas, na maioria das vezes, foste apenas
um nome,
um rosto.
Não importa, meu caro!
Esquecido ou lembrado, tuas lições ficaram gravadas para sempre no cotidiano daqueles que educaste:
ficaram gravadas nas lágrimas de alegria que derramaste nos casamentos de ex-alunos,
no riso de felicidade pelo nascimento dos filhos deles,
na tristeza diante das sepulturas cavadas cedo demais para corpos jovens demais.
Muitas vezes foste amigo, enfermeiro, treinador, motorista, psicólogo, substituto
do pai e
da mãe,
guardião
da fé.
Muitas vezes choraste porque – apesar dos mapas, fórmulas, verbos, histórias – nada tinhas a ensinar;
tu sabias que os alunos precisavam aprender
QUEM ELES SÃO.
E tu sabes: é preciso um mundo para ensinar uma pessoa a ser quem ela é.
Muitas vezes tu calaste.
E quanto mais escutavas, mais alta se fazia ouvir tua voz.
Mesmo não participando dos eventos sociais da tua cidade, estavas presente em cada pessoa que passava pelos umbrais dos clubes mais elegantes ou pelas portas dos salões da periferia.
Muitas vezes te sentiste impotente por não ter conseguido eliminar a miséria daqueles que foram teus alunos.
Mas, em outras, deves ter sentido orgulho pelo sucesso
daqueles que venceram na vida.
Muitas vezes foste a lágrima dos pais diante do filho que não salvaste da droga,
mas foste também a alegria do sacerdote que batiza uma criança.
És também um pouco daqueles que esqueceram que, para serem o que são, passaram pela tua escola.
Professor, um médico pode trazer uma vida ao mundo num momento mágico,
mas tu a fazes renascer
a cada novo dia.
Poderias ter sido qualquer coisa: médico, arquiteto, dentista, empresário; mas achaste pouco ser apenas um, se podias ser todos.
Achaste pouco ter teus próprios filhos; adotaste os filhos de pessoas que nem conheces.
Graças a ti, muitos chefes de família puderam dar aos seus o conforto que não pudeste dar aos teus.
A ti foi dado o privilégio de fazer do futuro um eterno presente.
A ti – e a ninguém mais –
cabe transformar o mundo dos adultos
no mundo sonhado
pelos jovens.
A ti foi dada a graça de viver com o futuro.
A ti os pais confiaram os filhos,
que são sua maior riqueza.
A ti foi dado o privilégio de construir seres humanos.
Parabéns pelo teu dia, professor!

Valdelírio Michel

sábado, 19 de setembro de 2009

19-09-2009. Nosso aniversário.

Hoje olhei para o céu e o brilho do sol me fez buscar dentro de mim o seu olhar, pude sentir uma leve brisa tocar em meu rosto e essa brisa me fez sentir saudade...
Amor a primeira vista, sim acredito, pois aconteceu comigo e com meu Anjo. Tudo começou num corredor de escola, uma frase solta: “- Esperando o príncipe encantado?”. Nossa, lembro como fosse hoje, quando ouvi tive um calafrio, uma sensação esquisita. Olhei para trás e o vi com o sorriso que só ele tinha, vi uma luz tão grande, algo bom que ele me transmitia. Sorri, sem conseguir dizer nada. Dias depois absorta, olhando para o céu, olhando para o nada, ouço novamente: “- Esperando o príncipe encantado”. Dessa vez foi diferente, não foi só um calafrio, meu coração disparou tão forte, tão louco, tão inconseqüente, e mais uma vez não disse nada, era impossível fazer mais do que apenas sorrir para ele... Comecei a perceber que havia algo de diferente em mim, só pensava nele, só escutava e lembrava da sua voz. Dali para frente foram esbarros, encontros, coincidências, como fosse o destino, como fosse predestinado. Por outro lado, tal pensamento soava como uma loucura pueril, não poderia ser, era imaginação, mas como fosse doença um sentimento foi tomando conta de mim. E eu sozinha pensei: Meu Deus como posso sentir isso sem ao menos ter estado com ele mais de um minuto? Quando comecei a trabalhar em um banco algumas coisas mudaram, nos víamos todos os dias. Ele ia sempre até lá, e sempre vinha em minha direção, com aquele sorriso e pegava com as duas mãos no meu rosto, dizendo: - Bom dia minha flor!!! E eu lá toda vermelha, meu coração disparado. Conversávamos muito, sobre o banco, eu o ajudava com depósitos, enfim, coisas de banco. Mas sentia algo mal resolvido, aquele sentimento estranho que não conseguia entender, tentava tirar de mim aquilo, era mais fácil crer ser coisa de uma cabeça sonhadora. Com o passar dos dias tudo aquilo começou a me sufocar, não agüentava mais, o que fazer? Eu uma menina boba, sem cultura, sem nada, enquanto ele era TUDO, inteligente, com experiências e muito mais do que eu podia supor. E assim sempre que saia na rua lá estava ele, até meu Anjo tão cético (detalhe que até então eu ainda não sabia) um dia parou o carro e disse: Será coisa do destino ou é muita coincidência toda vez que saio de casa encontro você? Olhei para ele, sorri e disse: pois é estranho, né??......
Uma aula particular, foi o próximo passo e o que mudou decididamente nossas vidas. Já éramos apaixonados um pelo outro há muito tempo, e depois daquele beijo foi como vício em um prazer sem fim. Contra as convenções, contra o bom senso e contra a razão não paramos mais de nos ver. Era impossível ficar longe, o desejo de estarmos juntos era maior que tudo. Rompemos barreiras, limites, uma sociedade. Mais de uma vez tivemos medo, mas ele me dizia: Vamos ser feliz, é agora ou nunca mais.....
“Quando meus olhos cruzaram com os teus pela primeira vez, vi um brilho no teu olhar. Um brilho que só quem ama vê. E meus olhos viram nos teus duas estrelas que piscavam felizes. Estrelas que só quem ama vê. Dizer adeus, não, não quero. Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade. Para que eu possa acreditar que tudo vai mudar. Calar-me para ouvir. Sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores para o mundo. Ser forte. Chorar a saudade. Você me ensinou a ter olhos e ouvidos para "ver e ouvir estrelas", embora nem sempre eu consiga entendê-las. Você que me ensinou a ver o encanto do pôr-do-sol e a não temer o futuro, agora me ensina a dor do adeus.
Me ensinou e me ensina aproveitar o presente, como um presente que da vida recebi, e usá-lo como um diamante que eu mesma tenho que lapidar, lhe dando forma da maneira que eu escolher. Mas como posso tudo isso sem você ao meu lado?
O tempo foi curto, mas foi intenso e verdadeiro. Algo que muitos passam pela vida sem sentir, foi mágico, foi nosso.”
Hoje eu olhei para o calendário e vi que se trata de um dia muito especial, 19 de setembro, o dia em que tudo começou... e eu, então, chorei, chorei e não pude deixar de sorrir também, amo você. Sei que você esta bem onde estiver, se é que existe esta vida após a morte, mas não pude conter minhas lágrimas ao ver que estamos separados.
Toda essa distância me faz sonhar e acreditar que um dia seja ele qual for ,eu poderei estar ao seu lado e te abraçar, abraçar muito e poder te dizer "Eu te amo meu amor”, poder te dizer o quanto eu me sinto honrada em ter feito parte da sua vida.
Busco no sol o brilho do teu olhar, busco nas estrelas o brilho dos meus sorrisos ao teu lado, e sinto a brisa como se fosse um abraço seu. Sobretudo, nunca deixo de pensar em você, e saiba que hoje mesmo estando longe irei, sem poder te tocar, brindar com você nosso aniversário. “
Eu te amo, minha estrela mais brilhante...
Sua Kininha.

domingo, 30 de agosto de 2009

Existe predestinação?

A predestinação é uma das crenças mais antigas, embora sempre tenha sido combatida pelos filósofos liberais, para quem, acreditar no destino é jogar no esgoto a liberdade e a autonomia. Os grandes mitos e lendas estruturaram-se sobre essa concepção. Desde as culturas mais antigas, deuses e poderes sobrenaturais marcaram o destino dos homens e dos seres. A vida, a morte, as catástrofes, os desastres, tudo acontecia porque estava pré-determinado. Os fatos nunca eram surpreendentes; obedeciam a um plano pré-elaborado.
Da tragédia grega à shakespeariana, o destino é implacável. Édipo nasceu com o destino de casar com a própria mãe e matar seu pai. Era inútil tentar driblar o destino.
Santo Agostinho elaborou uma teoria a respeito do livre arbítrio, mesmo assim muitas religiões adotaram a concepção de que existe uma lei divina que rege os atos humanos. Assim, o sofrimento existe por vontade de Deus como forma de se chegar à recompensa eterna. É a pedagogia da retribuição. Por vontade divina, alguns são ricos, outros, não.
Essa concepção plantou na cabeça e nos corações dos norte-americanos a idéia de que nasceram para dominar o mundo. São ricos porque Deus decidiu que fossem. Então, como são os preferidos de Deus, devem dominar o mundo.
Todavia, por maiores que sejam os condicionamentos, os seres humanos se constroem pela liberdade. Acreditar no fatalismo é fugir à responsabilidade dos próprios atos. Os ladrões e os assassinos seriam vítimas da fatalidade ou responsáveis por seus delitos?
Quantas vezes ouvimos o chavão: “O que é do homem, o bicho não come”. Ou, como diz a música, “o que deve ser, será”. Tem muita gente que projeta em Deus a responsabilidade de tudo. Se alguém sofre um acidente, “foi a vontade de Deus”. É claro que não querem dizer que Deus quis matar alguém. Querem insinuar que a pessoa morreu porque era seu destino. Até porque Deus deve ter coisas mais importantes a fazer do que ficar decidindo quem vai morrer nesse acidente ou sobreviver naquele que aconteceu um segundo depois, lá na Cochinchina.
Beltrano ganha na loteria e Sicrano afirma: “era a vez dele!” Insinuou que estava decidido desde a aurora dos tempos que Beltrano ganharia na loteria no dia X do mês X do ano X.
Fulano viaja de A para B. Nunca passa dos 110 km/h. No único momento em que está a 130, é apanhado pelo único radar colocado ao longo de toda a rodovia. Destino? Se não tivesse viajado, teria sido multado? Se tivesse mantido 130km/h a estrada inteira, menos naquele trecho onde estava o radar, teria sido multado? Ah, dirão, estava escrito que viajaria, que ultrapassaria os 110 km/h naquele lugar, que o radar estaria exatamente ali.
Se você acredita que o que tem que acontecer vai acontecer, se acredita no destino, que os gregos chamavam de “moira”, então é prisioneiro dos seus instintos e Deus não o fez humano, livre e racional, autor e ator daquilo que é e será. Deus o fez boneco!
O destino não torna vãs as religiões e as filosofias? Se você não é dono da sua vida, para que trabalha? Para que reza? Por que se esforça para salvar a alma? Alguém dirá novamente: estava escrito que não se esforçaria e por isso é pobre. Ou se esforçaria, por isso é rico. Não lhe parece uma fuga da responsabilidade em assumir sua condição humana?
Se a vida é fatalista, não vale a pena viver. A beleza está no sobressalto e nas surpresas que cada um produz ao decidir soberanamente. Se souber o que vai acontecer amanhã, não terá sonhos nem esperanças nem fará planos. Se o ser humano não se fizer ao viver, estará preso aos seus instintos animais.
Fatalismo é uma prisão. O homem moderno já é prisioneiro de tantas coisas! Da TV, da revista, do jornal, da moda, da sociedade, da igreja, da escola, da língua da comadre! O fatalismo acomoda as pessoas e elas abdicam do direito de escolherem o que é ou não é bom, o que é ou não é útil. E quem renuncia ao direito de escolher torna-se escravo.
No momento em que decidiu ler esse texto, fugiu do comodismo. Se concordar ou discordar das idéias nele apresentadas, fugiu do comodismo. Ora, ao fugir do comodismo, repudiou o fatalismo. Mas se não pensou nas idéias que leu para não cansar sua preguiça, então se acomodou. E quem se acomoda, prefere deixar as coisas acontecerem.
A verdadeira grandeza do homem está no ato de construir-se, de fazer-se, de ser senhor da sua vida. Pendurar-se no comodismo para fugir à liberdade é trepar na árvore errada. Esse exercício cabe aos macacos.

Valdelírio Michel



segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Homenagem ao meu pai...

Homenagem ao Dia dos Pais


O que eu estaria fazendo neste dia dos pais?
Muito provavelmente estaria ligando ou me encontrando com meu pai, agradecendo pela educação que me deu e desejando muitos outros encontros felizes como aquele, como era de costume.
Porém, hoje não posso fazer isto, porque meu pai migrou para outro plano e nesta vida não terei mais contato físico com ele. Esta é a realidade. Restaram apenas as recordações, mas estas não são suficientes e não quero me conformar com elas. Não posso comparar as lembranças do meu pai com os momentos reais que passamos, tomando chimarrão, discutindo questões filosóficas, complexas, as dificuldades do meu trabalho, a aposentadoria dele, seus livros, as ambições e muitas coisas que eu e meu fiel amigo e companheiro conversávamos todas as semanas nos últimos anos.
Se eu fosse qualificar o Valdelírio Pai, o Valdelírio amigo, eu não teria outra definição senão perfeito. Perfeito na hora de educar, na hora de brincar e na hora de corrigir. Fico pensando como é raro encontrar um pai como o meu, que soube ensinar para os seus filhos a temperança com o dinheiro, a valorização da vida, o respeito aos outros e a educação acima de tudo. Para o meu pai esta arte parecia simples, trivial. Lembro-me que quando criança recebia uns trocados pelas notas 100 (cem) que tirava no boletim e como eu ficava feliz em tirá-las e em receber aqueles ‘troquinhos’! Mas será que o meu pai estava me comprando ou comprando meu esforço? Não! Tornou-me, com o apoio da minha mãe, uma das melhores alunas da minha escola e uma filha de quem ele se orgulhava muito. Soubesse ele que tudo o que sou e o que alcancei, se deve a ele. Quisera eu ter a lisura irrepreensível de caráter do meu pai. A honestidade e humildade que chegavam, às vezes, irritar.

Já disse Pedro Bial que ‘morrer é ridículo...obriga você a sair do melhor da festa sem se despedir’ e, pior, com muitos planos para o amanhã. Realmente, e os tantos planos que meu pai queria realizar? E aquela inteligência e consciência das coisas e do mundo? Não posso acreditar que tenham se apagado como uma vela que simplesmente termina.

Bom, o meu maior desejo hoje não posso concretizar e isto me dói imensamente. Queria estar entregando estas singelas palavras pessoalmente para o meu pai, abraçando-o, pegando em seus cabelos e em suas mãos, presenciando aquele jeitão de moleque feliz e profundamente amável. Tenho certeza que, por mais que este texto não chegue aos pés do linguajar e capacidade de expressão do meu pai, ele iria ficar emocionado, não pela beleza das palavras, mas por ter certeza da minha sinceridade.

“Enquanto aqui na terra a luta continua, nós sentimos falta sua, mas é Deus quem faz a hora” (Música de Duduca e Dalvan que eu e meu pai escutávamos lembrando do Professor Piva e que agora me faz lembrar, você, pai)

Feliz Dia dos Pais!
(Pai, nós nunca vamos dizer Adeus!).


Monalisa Michel.

domingo, 21 de junho de 2009

Você vale quanto pensa que vale

Você sabe quanto vale uma caneta?
E, nas mãos de George Bush, quanto valeria?
E nas suas mãos?
Claro que não existe diferença de valor.
Objeto igual tem valor igual.
Diria até que os objetos nem valor possuem. Eles passam a ter valor quando usados para as suas finalidades!
O valor de um objeto está
na finalidade a que se destina
e nas pessoas que o utilizam.
Cada um, inclusive você, estabelece o valor daquilo que faz e dos instrumentos que utiliza.
Um prego pode prender uma tábua
ou salvar a humanidade.
Você não precisa ser o melhor do mundo para valorizar uma ferramenta; basta utilizá-la da melhor maneira possível.
Seu cabeleireiro pode ser melhor que
o Ronaldinho.
O motorista de
ônibus que
transporta seu
filho todos os
dias para a
escola pode ser
melhor do que
Michael
Schumacher.
Nada tem valor em si.
As coisas têm valor na medida em que servem para você.
Você é o centro da Criação.
Você dá valor às coisas
e também a si mesmo.
Então, você e as coisas têm o valor que você lhes confere.
Por isso, você vale exatamente quanto acha que vale, porque é você que estabelece seu preço.
Não está na hora de começar a se valorizar?
Dê este presente a si mesmo.
Valdelírio Michel

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A R T I G O S

Qual é sua dívida?

Cristovam Buarque falou um dia: “A sociedade que não paga suas dívidas é necessariamente caótica”.
Todos têm dívidas. Você também. A diferença é que alguns pagam, outros não. E daí, aqueles que não pagam passam a ser suas amantes, porque você os sustenta. São seus gigolôs!
Mas não é com essa dívida que você deve ficar preocupado. É com a sua dívida moral. Dívida por ser brasileiro, por ser branco, por ser uma pessoa sadia, por ser normal, por ser adulto, por ser pessoa pública, por ser pessoa comum...
Você tem uma dívida de 500 anos com os índios. Suas terras foram invadidas, suas matas derrubadas e sua cultura destruída. Se está pensando que isso aconteceu no passado e que não tem nada com o peixe, lembre-se de que eles continuam sendo espremidos em reservas, suas matas continuam a ser derrubadas, e você continua a fazer a mesma coisa que fizeram aqueles que viveram no período da colonização e ao longo dos últimos 500 anos: nada! E com a mesma indiferença.
Você tem uma dívida com os negros, cuja mão-de-obra foi explorada, cujos corpos foram roubados na África, e que não receberam terras, nem escola, nem emprego, nem dignidade. Aconteceu no passado? E hoje, você paga ao negro o mesmo salário de um branco? Dá a eles as mesmas oportunidades que dá aos outros?
Você tem uma dívida com as crianças. Milhares delas morrem todos os dias por falta de um pouco de comida, aquela mesma comida que sobra no seu prato quando vai a um restaurante. Sabe, aqueles grãos de arroz e feijão que você joga na lixeira após cada refeição; aquele pão que ficou velho e você joga fora... As sobras da sua casa seriam suficientes para matar a fome diária de uma criança. Os brinquedos que seu filho não usa há mais de um ano poderiam salvar a infância de uma criança; e essa dívida não pode ser paga atrasada, porque a infância nunca mais volta. A calça que você não usa há mais de um ano poderia levar alguém à missa do domingo com a dignidade que só os pobres conhecem. O casaco que você não tira do baú há dezenas de invernos poderia substituir o agasalho de jornal que você viu enfeitando aquele homem na esquina da sua rua.
Você tem dívida com os velhos, abandonados em asilos sujos e desumanos. Com as meninas que engravidam sem saber exatamente o que é a adolescência. Com os drogados que perdem sua vida por falta de uma palavra amiga, talvez um sorriso. Com os jovens que procuram trabalho, escola ou faculdade que se fecha pelo alto preço.
Mas a sua maior dívida é consigo mesmo: a dívida de ter votado num presidente, governador ou prefeito que gastou com poucos o que poderia ter aliviado o problema de muitos. Governantes que continuam a derramar vantagens ao colonizador em detrimento do colonizado.
Os negros, índios, crianças, velhos e pobres de 1500 continuam a clamar por oportunidades e um pouco de dignidade. E esse clamor chega todos os dias aos seus ouvidos sem que você faça coisa alguma!
E daí, ainda continua a pensar que não deve nada?
Valdelírio Michel

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A R T I G O S

O tempo não existe

“Se o tempo é infinito, e a matéria é finita, tudo está condenado a se repetir”, escreveu Nietzsche.
Tudo o que vai acontecer já foi resolvido, e seu livre arbítrio não existe. Segundo Einstein, o tempo não passa no mesmo ritmo para todo mundo. Nenhum relógio marca a mesma hora. O que ainda é futuro para você já aconteceu há cinco anos para o vizinho da direita, e há 20 anos para o vizinho da esquerda. Ora, se algo já aconteceu para outra pessoa, não pode mais ser mudado.
Então, o futuro não pode ser mudado... e a liberdade de escolha, o livre arbítrio, não passam de uma ilusão. Uma pessoa tem tanto poder de determinar seu futuro como uma pedra tem para escolher o seu.
Claro que isso não acontece com nosso vizinho porque as diferenças do tempo que a gente vê são infinitesimais. Mas essa é a realidade. Ninguém vive o mesmo presente. Era isso que Einstein quis dizer quando afirmou: a distinção entre passado, presente e futuro é ilusória, embora seja persistente.
Nós nascemos sabendo que as horas passam no mesmo para todos e que corremos para o futuro juntos. Para Einstein, isso não é verdade. No mundo de verdade, a gente viaja pelo tempo, pois o tempo não é uma coisa etérea, mas um lugar; uma dimensão por onde caminhamos sem parar. Enquanto está lendo estas palavras, os segundos continuam passando, como se você estivesse sentado num trem invisível.
Einstein definiu que a velocidade pode ser medida em km/h: 300 mil km/s ou 1,08 bilhão de km/h. A velocidade da luz. Mas ele viu algo mais assustador ainda: o tempo e o espaço são a mesma coisa. É claro que o bilhão de km/h está sendo usado para mover só o tempo. Mas que você está a essa velocidade agora, está.
Ora, se você está correndo a um bilhão de km/h no tempo, de onde vai tirar velocidade para viajar no espaço? Do único lugar possível: do motor tempo. Isso quer dizer que quando você levanta da cadeira para ir até o banheiro usando uma velocidade de 5 km/h, você tirou isso do tempo. Como se o tempo fosse um balde cheio de água. Quando você tira um copo dela para tomar, o balde fica com um copo a menos e você fica com essa quantidade.
Em suma, o tempo empresta quilômetros por hora para tudo o que se movimenta. Mas isso tem um preço: o tempo passa mais devagar para você. Se ficar sentado no sofá, você atravessa o tempo a 1,08 bilhão km/h. Mas se o seu vizinho entrar no seu BMW e andar a 180 km/h, ele pegou 180 km/h emprestado do tempo. Então, o relógio dele vai andar mais devagar. Mas só o relógio dele. Do lado de fora do carro, o tempo será igual ao seu, sentado no sofá. E daí a coisa curiosa: uma hora depois de ficar com o pé no acelerador do seu BMW, o seu vizinho vai ter envelhecido um pouco menos do que você (0,0000000576 milésimos de segundo).
Em outras palavras, o seu vizinho viajou um pouco para o futuro. Mas é tão pouco! É. O problema é que as velocidades que vivemos no dia a dia são pequenas demais. Mas imagine um astronauta, a 40.000 km/h! Vai fazer um rombo no tempo do tempo.
Foi nessa teoria que se baseou Erich Von Deniken para escrever o livro “Eram os Deuses Astronautas?”. Índios esperam pela volta de seres de outros mundos há milênios. Pois os seres prometeram a eles que voltariam. Como os índios ficaram esperando e como os seres viajam a velocidades próximas às da luz, os tempos para os dois é diferente. Um ano para os seres pode representar mil anos para os índios.
Para Einstein, grandes distâncias também alteram substancialmente o tempo. Aliás, se você olhar para o céu à noite, a luz que estará vendo piscar lá, na verdade não está lá. Estava lá há anos. Para citar um exemplo, a estrela mais perto de nós depois do Sol, é a Alfa-Centaury. Se você a enxergar no céu, a luz que você está vendo é de 4 anos atrás. Pois ela precisou de 4 anos para chegar até você. Como existem milhões de outras estrelas que ficam a milhões de anos-luz da Terra, quando você olha para o céu estrelado, está olhando para o passado. E que passado!

Valdelírio Michel (22.01.09)