segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

A R T I G O S

PARA QUE TOMAR BANHO?

O período dos príncipes e das princesas, das roupas luxuosas e das carruagens de ouro não conheceu escovas de dente, nem perfumes, nem desodorantes e, muito menos, papel higiênico. O suntuoso Palácio de Versailles, em Paris, onde viveram reis famosos como Luís XIV e Luís XV, não havia banheiros. As excrescências humanas eram despejadas pelas janelas do palácio. Em dias de festa, a cozinha do palácio conseguia preparar banquete para 1.500 pessoas, sem a mínima higiene.
Os filmes sobre aquela época mostram as pessoas sendo abanadas. A explicação não estava no calor, mas no mau cheiro que as mulheres exalavam por debaixo das saias. Aliás, as saias eram propositalmente feitas daquele tamanho e forma para conterem o odor das partes íntimas. Não havia o costume de se tomar banho devido ao frio e à quase inexistência de água encanada. O abanador servia exatamente para dissipar o mau cheiro do corpo e da boca e para espantar os insetos. Mas só os nobres tinham lacaios para abaná-los.
Os imensos e belos jardins de Versailles não serviam apenas para serem admirados, mas também para serem usados como vaso sanitário nasfamosas baladas promovidas pela monarquia; afinal, não existiam banheiros.
Na Idade Média, a maioria dos casamentos ocorria no mês de junho, início do verão europeu. A razão era simples: o primeiro banho do ano era tomado em maio; assim, em junho, o cheiro das pessoas ainda era tolerável. Entretanto, como alguns odores já começavam a incomodar, as noivas carregavam os buquês de flores junto ao corpo para disfarçar o mau cheiro. Daí a razão de termos maio como o mês das noivas e o buquê de noiva.
Os banhos eram tomados numa única tina, enorme, cheia de água quente. O chefe da família tinha o privilégio do primeiro banho na água limpa.Depois, sem trocar a água, vinham os outros homens da casa, por ordem de idade. Depois, as mulheres, também por idade e, por fim, as crianças. Os bebês eram os últimos. Quando chegava a vez deles, a água da tina já estava tão suja que era possível perder um bebê lá dentro. É por isso que existe a expressão em inglês "don't throw the baby out with the bath water". Ou seja, literalmente, "não jogue o bebê fora junto com a água do banho", que hoje usamos para os mais apressadinhos.
Os telhados das casas não tinham forro, e as vigas de madeira que ossustentavam era o melhor lugar para os cães, gatos, ratos e besouros se aquecerem. Quando chovia, as goteiras forçavam os animais a pularem para o chão. Assim, a nossa expressão "está chovendo canivete" tem o seu equivalente em inglês: "it's raining cats and ogs" (está chovendo gatos e cachorros).
Aqueles que tinham dinheiro possuíam pratos de estanho. Certos tipos de alimento oxidavam esse material, fazendo com que muita gente morresse envenenada. Lembremo-nos de que os hábitos higiênicos eram péssimos. Como os tomates são ácidos, foram considerados, durante muito tempo, venenosos.
Os copos de estanho eram usados para tomar cerveja ou uísque. Essa combinação, às vezes, produzia uma espécie de narcolepsia (doença caracterizada por sonos breves e repetidos). Quando encontravam alguém nesse estado, recolhiam o corpo e preparavam o enterro. O corpo era colocado sobre a mesa da cozinha por alguns dias, e a família ficava em volta, de vigília, comendo, bebendo e esperando para ver se o morto acordava ou não. Daí surgiu o velório, que é a vigília junto ao caixão.
A Inglaterra é um país pequeno, onde nem sempre havia espaço para se enterrarem todos os mortos. Então os caixões eram abertos, os ossos retirados e postos em ossários, e o túmulo utilizado para outro cadáver.Às vezes, ao abrirem os caixões, percebiam que havia arranhões na parte interna das tampas, o que indicava que aquele morto, na verdade, tinha sido enterrado vivo. Daí surgiu a idéia de, ao se fechar o caixão, amarrar uma tira no pulso do defunto, passá-la por um buraco feito no caixão e amarrá-la a um sino. Após o enterro, alguém ficava de plantão ao lado do túmulo, durante alguns dias. Se o indivíduo acordasse, o movimento de seu braço faria o sino tocar e ele era "saved by the bell" (salvo pelo gongo), expressão usada até os dias de hoje.
Até a próxima!

4 comentários:

Anônimo disse...

Olá, Gostei e aprendi com a leitura sobre o banho dos europeus, se eu tiver aula de história vou contar aos meus alunos
Neivor

Anônimo disse...

Nossa.. muito interessante esse artigo!

Parabéns pelo blog, e obrigado por repassar esses conhecimentos a nós.

Abraço.

Unknown disse...

Adorei o artigo! Já tinha lido algo sobre essa época, mas muita coisa que li nesse resumo me deixou perplexa. Não sei como conseguiam sobreviverem, viviam numa total falta de higiene. Me imaginei vivendo na época, achei um absurdo. Parabéns, gostei de verdade. Abraços.

Anônimo disse...

Oi,
esta semana passou um filme em que a atriz Whoopi Goldberg foi transportada para a época do Rei Arthur e queria fazer os banheiros mas foi obrigada a voltar. Já imaginou mudar toda a história?
Mostra um pouco da falta de higiene e tb os banhos nas grandes tinas de madeira.
Bem como o seu artigo.
Sueli